31 de dezembro de 2008

VISÃO PARADOXA DE JANO

Este poema é antigo, compus o mesmo no fim de 2006, quando ainda nem era muito interessado por literatura poética... O poema é inspirado num mito romano, Jano, e foi composto na passagem do ano.

No Dicionário de Símbolos de Chevalier e Gheerbrant Jano é "o Deus ambivalente de dois rostos contrapostos, de origem indo-europeia, um dos deuses mais antigos de Roma. De deus dos deuses, criador bonacheirão, transformou-se em deus das transições e das passagens, assinalando a evolução do passado para o futuro, de um estado a outro, de uma visão a outra, de um universo a outro, deus das portas (...) Guardião das portas, que ele abre e fecha, tem por atributo a varinha do porteiro e a chave. O seu duplo rosto significa que ele vigia tanto as entradas como as saídas, que ele tanto olha para o interior como para o exterior, para direita e para a esquerda, para a frente e para trás, para cima e para baixo, a favor e contra."

Dei o nome de Visão Paradoxa de Jano, pois o mesmo com as suas duas cabeças tem duas visões diferentes... Ele vê o passado e o vê o futuro. Estamos entrando em Janeiro (de Jano)... entrando num novo ciclo da existência.

Mas, a riqueza deste símbolo vai muito mais do que a comemoração de uma data de passagem de ano. Jano pode ser indentificado com o nosso Eu, pois o Eu é um ser que tem duas visões em seu desenvolvimento temporal. E este Eu que vê o passado e o futuro fica além do tempo.

Porém, o poema realmente foi composto para a festa de passagem de ano. Eis os versos:

VISÃO PARADOXA DE JANO

De Jano, neste momento, é meu desejo falar
Guardião dos portões celestes
Com duas cabeças, não cessa de observar
A humanidade em círculo caminhar
Caminho feito pelo ser e não-ser de Cronos

Jano, nos portões da eterna presença
Com a primeira cabeça tudo o que vê
Memórias do passado de tudo o que foi
De fracassos e sucessos da humanidade
Da constante luta para se viver!

Jano, nos portões da eterna presença
Com a segunda cabeça tudo o que vê
Esperanças do futuro de tudo que virá
De fracassos e sucessos da humanidade
Da constante luta para se viver!

Jano, nos portões da eterna presença
Com as duas cabeças pode compreender
O ser que continuamente se torna não-ser
O não-ser que continuamente se torna ser
A sucessiva luta da felicidade com a infelicidade.

Por Constantin Constantius

Goiânia