22 de janeiro de 2009

ESPELHO MÁGICO DA REFLEXÃO


Contemplo este espelho mágico
Que se põe diante de mim
Como sombra que me acompanha
E que somente descansa
Nas trevas mais escuras d'alma,
Onde o Nada que sou reina absoluto!

Mas no brilho d'alma translúcida,
Captura de modo incessante,
Em todo eterno instante
Cada movimento do que sou
De minha inessência original
Hipostasiando todos fragmentos,
Que se desfragmentam em reflexos,
Formando um substrato, nem bom, nem mau,
Que apenas obedecem seus nexos.

De forma ilogicamente lógica
Numa constante dança dialética
Vai operando uma síntese ontológica,
Sempre, da sobra do que restou
Da subtração do nada que sou
Mas, sobras de onde sempre estou.

Eis a magia deste espelho
Engana-me fazendo pensar
Que se penso, então logo existo
Mas, nem por isto subsisto
Pois cada imagem refletida, escolhida
Vai a cada instante ganhando vida
E viva! Faustiva! Cada imagem me diz,
Com voz leve e silenciosa:
Ich bin nicht Sie! Sie sein nicht ich!*

Alienus, constantemente para si!

*Tradução do alemão: Eu não sou você! Você não é eu!

Goiânia