12 de agosto de 2010

INEVITÁVEL QUEDA

Ao nascer,
Eu me precipitei!
Quem me dera, fosse eu um decadente Ícaro,
Que voando até às alturas,
Contempla o Fantástico
Tirado da cartola do Ego Mágico.
Mas, não! Sem asas, nas Alturas Nasci.
Nas Alturas eu me perdi.

Nada havendo além do Ápice,
Das Alturas me precipitei!
Sim, caí!
Caí sobre o chão frio da Realidade,
Definida pela convenção dos homens,
Que vivem sob a sombra da sobriedade.
Projetada pela ingênua e frágil Racionalidade.
E mesmo assim, com fineza,
Quer definir e determinar todas as coisas
Dentro da absurda norma da Normalidade,
Que inutilmente quer domar
A fera e indomável Felicidade.

A vida é esta tragédia,
Onde meu sangue é o Tempo, é a minha própria Vida,
Que escorre, se esvaí ,
Pelas veias abertas,
Que jorram sob o Sol e
Sobre o Solo onde jaz caída minha vã e inútil Liberdade,
Que busca como Sísifo a fugaz Felicidade,
Mas que sempre vai de encontro da Senhora Necessidade!

Que é a vida,
Além da passagem do Nada ao Nada?
Este breve e efêmero suspiro,
Pausa da minha Particular Inexistência,
Efetivação daquilo que eternamente
Existe como uma das infindas Possibilidades?

Que é a Vida,
A não ser esta queda do Possível ao Real,
A Morte do Latente,
Cujas veias secam a cada instante,
Neste renovado e agonizado Real Presente?

Que é a Vida,
A não ser este breve intervalo,
Em que dura minha queda
Do Nada das Alturas
Ao Nada das Baixuras?

Que é a minha vida,
A não ser este ignóbil e coadjuvante herói Radical,
Que contracena na titânica e eterna Luta
Dos Monstros Pré e Pós da histórica vida existencial?

Ao nascer, caí.
Sim, caí do Nada para o Nada.
E esta é a vida, uma Queda,
Queda que é Nossa Queda,
Inevitável, rápida ou lenta, Queda.

Então, caído, acordo deste Sonho...
E o Nada se lembra do Nada e se casa com o Nada...
E vivem felizes para sempre!

Johannes de Silentio.


Goiânia