14 de dezembro de 2006

Sobre os Conceitos Gerais

Analisando dialeticamente o conceito geral, ele é um conceito que traz, em si, uma oposição interna, em sua compreensão dos caracteres de determinado objeto de conhecimento. Ou seja, o geral sintetiza elementos opostos entre si, afirmando suas semelhanças e negando suas diferenças.
Assim, quanto maior a extensão de uma idéia ou conceito, maior será o esforço de síntese e maior será a oposição interna. Diante disto quanto mais concreto for um conceito mais próximo da realidade em si ele estará, embora, esta, a nível radical, está separada de nós, visto que como consciência sempre nos colocamos como complemento ou negação da realidade em si.
Portanto, aquele que, em seus julgamentos, usa atributos ou termos gerais, emite juízos paradoxais constantemente, inadequados para a existência espaço-temporal da vida.

Dado o conceito de amor, na acepção do Eros grego, no sentido daquilo que atraí a atenção de nossa consciência. Dentro de uma perspectiva dialética, existencialmente falando, se você amar um todo universal, você acaba por chegar num ponto de equilíbrio no qual não amará nada em particular, existencialmente falando.
Porque dentro da compreensão do todo, cada elemento individual (em particular) é complementado pela sua negação. Deste modo, se amo o todo, amo tanto o ser como o não-ser (dentro da perspectiva do particular). E quando amo um ser em particular, não-amo o não-ser de outros em particular, e vice-versa. E a razão é haver uma oposição entre o ser e o não-ser dos particulares dentro do todo. Logo se eu amo o todo, meu amor sofre uma tensão, na qual o que resultará será um equilíbrio e uma paralisia de ação.
Deste modo, como exemplo podemos dizer que quem ama a humanidade como um todo, não poderá amar existencialmente qualquer individuo particular. Pois ao amar o individuo particular, eu acabo sacrificando o interesse do todo, visto que o ser do individuo particular está em oposição ao seu não-ser (dos outros indivíduos em particular), que estão em complemento no todo.
Ignorar isto, implica correr o risco de ser idealista (a buscar soluções idealistas), prenhe de sonhos que não se concretizam na existência, justamente porque estes não atingem a realidade concreta da existência. O amor, ou qualquer ação, à totalidade gera idealistas.

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Percebi que meu pensamento sofreu alterações durante o período que sucedeu a minha primeira postagem sobre o assunto. Esta alteração se deu através de um movimento dialético de minhas reflexões.
Estava à pensar que não somente os conceitos gerais são inadequados, mas, que até, mesmo, os ditos conceitos "concretos", nada mais são do que racionalizações da irracionalidade da existência espaço-temporal. Estou chegando à conclusão de que em vez de dizermos "eu tenho uma representação do real", deveríamos dizer "eu tenho uma representação que tende ao real".
Nosso contato com o real é sempre mediato, nunca imediato. Nossa representação mais próxima do "real" é somente um tangenciar o "real". Apreendemos nossa existência numa eterna temporalidade, de um modo sempre pontual. Enquanto sujeitos intelectuais, somos, então, como uma reta que tangencia o círculo da existência que gira mecanicamente no fluir do tempo-espaço. E dentro desta nova perspectiva (que em breve se tornará ultrapassada) os conceitos gerais são, então, afastamentos do ponto de tangência da realidade-existêncial.
Poderíamos, então, classificar os conceitos gerais de acordo com os vários graus de distanciamento da existência. Quanto mais distantes do ponto de encontro, mais elementos paradoxais, neles, são compreendidos.
Poderia resumir numa linguagem mais simples da seguinte maneira: Nunca conversamos com o Real, sempre ouvimos falar dele, rs! Ou seja, temos, fé no real! Poderiamos dizer, de outro modo, que somos como Tântalo no Tártaro, pois temos uma ardente fome pelo real. O mesmo encontra-se ao nosso alcance. Porém, ao tentar tocá-lo, o mesmo foge de nós, eternamente.
Por fim, esta própria postagem, tende a não ser mais meu pensamento à medida que o tempo for passando. Posso dizer que este pensamento tangenciou a "realidade" depreendida por mim. Nossos conceitos são como um ponteiro de um relógio, onde quem roda é o relógio, e o que fica fixo é o ponteiro, rs! Este ponteiro aponta para o ponto de encontro, entre nossa consciência e a "realidade"!

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