14 de dezembro de 2006

Os Limites das Ciências Experimentais

Falarei especificamente das ciências experimentais. Pode-se levantar vários questionamentos racionais quanto àquilo que se diz ciência experimental. Porém, é importante distinguir elementos negativos e positivos da mesma. A ciência experimental realmente traz algum conhecimento ao homem, mas este conhecimento só tem valor prático e imediato. Até agora não fui convencido de que do ponto de vista teórico a ciência não é apenas racionalização (idealização) do real.

Um problema que aponto (posso apontar vários) é de ordem metodológica. O homem da ciência experimental pode cometer o erro de pensar que o raciocínio indutivo, utilizado no método, imediatamente pode garantir a universalidade de suas proposições conclusivas. Não se pode deixar de ter em mente que logicamente falando a conclusão de um raciocínio indutivo não se infere imediatamente das premissas dadas, como é o caso do argumento dedutivo. O que acontece é um salto irracional (sem razão suficiente).

Toda ciência que tem em seu método específico o elemento do raciocínio indutivo é produto de uma atividade humana histórica. Logo, é uma atividade existencial e se subordina a um tempo e espaço determinado. Neste caso o homem constrói seu conhecimento a partir de sua experiência tempo-espacial.

Qual é o problema disto: Ora, se é existencial, o conteúdo do conhecimento é conteúdo histórico. Isto faz com que ciências experimentais saltem do contingente (acidental) para o necessário (essencial). Lessing, pensador iluminista, colocou este problema como uma assertiva: "as verdades acidentais da história nunca podem tornar-se a prova das verdades necessárias da razão" (com isto combatia a idéia de uma teologia essencial cristã fundamentada em eventos históricos). Aqui eu amplio a extensão desta idéia, não a deixando limitada somente à teologia, mas agora também, às ciências experimentais. Outra crítica, quase semelhante é de Hume, que atacou radicalmente a universalidade das conclusões de raciocínios indutivos que se fundamentavam na relação causa-efeito, que para ele não é aprrendida na experiência e funda-se no hábito. É claro que surge Kant, que assegurou a validade universal destas conclusões por meio de uma dicotomia entre o real (númeno) e o fenomenal (fenômeno), fundando a certeza no próprio sujeito, separando assim o mesmo do objeto. Porém, sua solução fez com que a ciência se tornasse uma racionalização do real, muito mais do que uma descrição e explicação.

Diante disto, para os que admitem a universalidade das teorias da ciência experimental e até mesmo das "leis naturais" fica o desafio: Como é possível atribuir validade universal ao juízo sintético a priori sem incorrer em idealismo (fuga da realidade)? Ou em outras palavras: como chegar às verdades necessárias da essência com base em verdades acidentais da existência sem o salto da fé?.

2 comentários:

Anônimo disse...

intiresno muito, obrigado

Anônimo disse...

Il semble que vous soyez un expert dans ce domaine, vos remarques sont tres interessantes, merci.

- Daniel


Goiânia